Desastres naturais relacionados a eventos chuvosos têm sido recorrentes em cidades de todo o mundo. No início de 2020, muitas cidades da região sudeste sofreram com problemas de enchente e inundações. Além da mudança climática global, a qual tem provocado chuvas de maior intensidade e em um curto intervalo de tempo, outro agravante da situação é a condição precária dos sistemas de drenagem das cidades. Somado a isso, muitas cidades tiveram um crescimento desordenado decorrente da inexistência de planos diretores e leis de uso e ocupação do solo, os quais não impediram construções inadequadas e em locais de risco, e não promoveram fiscalizações e ações punitivas que preservassem áreas de drenagem naturais.
Diante disso, as cidades estão cada vez mais impermeabilizadas. Com isso, maior volume de água da chuva é escoado superficialmente, o que possibilita que o sistema de drenagem urbana seja insuficiente para as demandas e, consequentemente, ocorra alagamentos, enchentes e inundações recorrentes.
O sistema de drenagem convencional se baseia em dimensionar tubulações e canais para esgotamento rápido. Esse modelo soluciona problemas locais transferindo para à jusante o excesso de água pluvial escoada, causando, assim, danos ainda maiores ou exigindo tubulações e canais de grande porte. Entretanto, esse sistema clássico tem-se mostrado insustentável, uma vez que não acompanha a expansão urbana e necessita de constantes intervenções que aumentem a sua capacidade.
Por isso, soluções alternativas mais sustentáveis de gerenciamento das águas pluviais vêm sendo criadas e adotadas nas últimas décadas. Essas medidas apresentam propostas de melhoria na infiltração quando acumulam temporariamente e dissipam lentamente a água precipitada. Ou seja, essas medidas visam aproximar o ambiente urbano das condições hidrológicas naturais, proporcionando melhoria da infiltração e da evapotranspiração. Dessa forma, promove-se a redução do volume e as taxas de pico de fluxo de escoamento superficial que irão para sistema de drenagem urbana. Além disso, é possível aumentar a retenção das águas pluviais que abastecem o lençol freático.
A implantação e ampliação de sistemas de drenagem urbana sustentáveis contempla intervenções estruturais voltadas à redução das inundações e melhoria das condições de segurança sanitária, patrimonial e ambiental dos municípios. Para isso, são necessárias obras que privilegiem a redução, retardamento e amortecimento do escoamento das águas pluviais. Exemplos de sistemas alternativos sustentáveis para os sistemas de drenagem são:
(a) Reservatórios de amortecimento de cheias: Eles podem ser subdivididas em três grupos: Detenção, retenção e infiltração.
Figura – Reservatórios de amortecimento de cheias
(b) Reservatórios individuais: Sistema de drenagem pluvial em escala residencial com dispositivo que funciona com o encaminhamento das águas precipitadas nos telhados e nos pavimentos impermeáveis a um micro reservatório. As águas pluviais são coletadas pelas calhas e descem por uma tubulação até o reservatório.
Figura - Reservatório individual de água pluvial
(c) Técnicas compensatórias estruturais biológicas: Quando as técnicas compensatórias são baseadas na biorretenção, elas também são capazes de melhorar a qualidade da água e mitigar a poluição difusa que atingiria rios e rios urbanos.
Figura - Técnicas compensatórias biológicas
(d) Telhados verdes: Toda a cobertura ou telhado, plano ou inclinado, devidamente impermeabilizado e com sistema de drenagem para escoamento pluvial excedente, que agrega em sua composição uma camada de solo ou substrato e outra camada de vegetação.
Figura - Telhado Verde
(e) Pavimentos permeáveis e porosos: São pavimentos que possuem espaços livres em sua estrutura por onde a água pode escoar, podendo infiltrar no solo ou ser transportada através de sistema auxiliar de drenagem.
Figura - Corte esquemático pavimento permeável
Por Prof. Emmanuel Teixeira
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